Recentemente vivemos uma das festas mais bonitas do Brasil. As máscaras, as fantasias, as alegrias que todos mostram no carnaval realmente encantam a muitos. E, parando para observar profundamente as pessoas, vemos que muito das relações humanas são verdadeiros bailes carnavalescos, nos quais máscaras, fantasias e adereços escondem seres humanos e tornam mais “confortável” a exposição ao mundo. No entanto, é certo que muitos desses “esconderijos” precisam ser desfeitos para que as relações sejam saudáveis.
A relação médico-paciente, humana em grau, número e gênero, não foge desses parâmetros. A bata branca é a fantasia mais segura, e a doença é a máscara mais oclusiva. Porém, um dia, o baile precisa acabar. Cabe ao médico, e também ao paciente, propor a chegada da quarta-feira de cinzas, onde voltamos a ser nós mesmos, nos despimos dos adereços para voltar à vida real. E essa nudez de máscaras e fantasias faz com que percebamos no nosso paciente (enquanto médicos) um ser humano completo, biológico, psíquico e socialmente, e passamos, então, a tratá-lo com a dignidade devida. Essa mesma nudez faz com que percebamos nos nossos médicos (enquanto pacientes) um ser humano completo, que não é uma máquina fonte de cura e sim uma mente e um coração fontes de amparo e cuidado.
Nosso dever então, enquanto futuros médicos, é fazer com que a relação médico-paciente seja a profissionalização de uma relação puramente pessoal e a “desprofissionalização” de uma relação puramente profissional, mantendo-se sempre o respeito à pessoa humana para que se alcance, de fato, desenvolvimento pessoal e profissional plenos.
Texto escrito em: 03/03/2010
Tema: A relação médico-paciente